quarta-feira, 22 de agosto de 2012

NAMORADA

A minha queixa,
minha solidão,
 minha pedra no sapato,
meu desacato começa quando dobras a esquina.
A minha solidão
disfaço,
desmancho,
derreto,
quando estas comigo:
nua,
clara
e pura imagem da felicidade.


PoA - RS 15-05-2012

(Poesia inédita - publicado pela 1ª vez nesta coluna, especialmente para o Blog Na Boka do Povo)

À PRENDA AMADA

 

Nessas manhãs chuvosas de verão,
brinca o sol de esconder-se no horizonte,
somente a luz divina e fulgurante
dos teus olhos é fonte de emoção.

A chaleira chiando no fogão,
nos diz que vai chegar o belo instante
de preparo do amargo chimarrão,
antes que ao sol, longe se levante.

O que tem demais na pampa larga,
além de rancho e da mulher amada?
Somente o pastiçal, o gado, o plano,

a beleza do sol nascendo ao longe,
a luz de teu olhar é voz de um monge,
exclui da vida todo desengano.
José Moreira da Silva PoA/RS, 12/01/2009.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

BARRIL DE POLVORA

 

Legislar em causa própria deveria ser considerado crime hediondo. Quem usa do poder de representação popular para cometer tal abuso, não merece outro tratamento senão o desprezo e a perda de mandato, como primeira medida saneadora. Depois a perda dos bens adquiridos ilicitamente. Depois cadeia, como qualquer criminoso. Sem mandato e sem imunidade parlamentar volta a situação anterior de “cidadão” comum (cidadão entre aspas, porque quem trai o seu povo , o seu eleitor, não merece este qualificativo, só inerente àqueles que cumprem fielmente com suas obrigações na comunidade, no município e na união).
Tornado o político em cidadão comum, ele baixa a terra, pode ser julgado como qualquer pessoa do povo, sem os privilégios constitucionais tocantes aos parlamentares.
O Orçamento da Republica, tal como os dos Estados e Municípios, tem por finalidade a destinação de verba para emprego na solução dos problemas. Na proporção que a população aumenta as necessidades crescem geometricamente. No caso da saúde, necessita-se de mais água potável, mais esgoto nas cidades, aumento e melhoria da rede hospitalar, alimentação, tratamento ambulatório, recreação, e por aí afora. Inúmeros itens entram neste componente. Por exemplo: o nosso país é um país de doentes, porque é de um povo sem dentes sadios; bebe-se água poluída decorrente do despejo dos detritos das indústrias e do veneno das lavouras nos rios. Grande parte da riqueza produzida pela lavoura e pela indústria some no ralo das despesas com a saúde humana.
Onde queremos chegar? Ora, os orçamentos sofrem emendas do interesse das unidades da federação. Tais emendas são apresentadas pelos parlamentares. No caso da União, quem julga e aprova o Orçamento Nacional são os deputados e senadores. É ai que “a porquinha torce o rabo”. Primeiro, entra a questão política (nem sempre aplausível, porque atrasando o julgamento tolhe braços e pernas do poder executivo; segundo, porque tal atraso se da para, indiretamente, forçar acordos nem sempre dignos de boas referencias, não vindo em beneficio daqueles órgãos necessitados e sim dos próprios apresentadores e defensores das emendas, que lideram núcleos de outros atores do teatro de operações que contam dinheiro “um pra lá e dois pra cá”. Assim, não há dinheiro que chegue. É como se posto num saco sem fundo.
Aprovado o orçamento, cada ator daquele famoso teatro tem dinheiro de sobra para obras, que são iniciadas, não concluídas no exercício financeiro e o dinheiro some no faturamento ilícito. No orçamento seguinte, outras emendas; entra-se no circulo vicioso e a obra não termina, porque ali esta a teta da mãe pátria a ser sugada criminosamente, por maus patriotas, que geralmente dizem “o povo não tem memória”. Mas o povo, cuidado com o povo! Ele vai juntando corda, fazendo laços; juntando ferro, construindo guilhotinas. Cuidado com o Povo (com P maiúsculo)! Um dia eles poderão, vendo a inércia do poder constituído, armar forcas e guilhotinas nas praças públicas, e não se sabe quem vão ser supliciados.
Vejam bem! Tem acontecido muita coisa revoltante. Alguns “atores” punidos, outros inocentados; o panelão da corrupção esta fervendo, há um saco de gatos e ratos se entendendo muito bem na fervura, está na hora de descer o pau, porque nessa combinação tem coisa. Se eles ficarem imune à força da lei, ninguém escapará da força do povo. Nas democracias, todo poder emana do povo, que o exerce por meio dos representantes eleitos. Quando estes representantes prevaricam, o povo pode retomar o poder que outorgou. O povo massacrado pela desídia e a injustiça, age como o sol sobre o gelo; o rolo compressor sobre o asfalto. A massa não pensa, seus atos são imprevisíveis. Os paises do novo mundo ainda não fizeram as suas grandes revoluções; é bom que elas sejam feitas por verdadeiros e honestos líderes e não por ladrões e salteadores. Se Cristo baixasse à terra, hoje, entraria de vara nos corruptos, que proliferam mais que ratos e, a partir do momento que se uniram com os gatos, estão sugando à Nação.
Os tais de SANGUESUGAS serão ratos e gatos? E se o forem, provado e denunciados, ficarão impunes? Vejam bem! Eles sugaram o sangue dos anêmicos, por isso que o setor da saúde nunca vai bem.
Cuidado! Muito cuidado, os que têm a batuta de regente da ordem e da lei! Há um barril de pólvora. É bom não riscar fósforo por perto.